Enganando-nos a nós proprios.

Olhando com alguma atenção para as nossas vidas, veremos todos certamente um conjunto de coincidências, podem ser centemas ou milhares, cada um terá a sua dose. Umas boas outras más, as mais marcantes serão provávelmente as muito boas e muito más, a nossa memória funciona melhor nos extremos.

A isto podemos juntar a superstição, julgo que todos temos também um pouco, já nos tempos dos romanos existia, algures no nosso ADN, lá no meio, há um A, G, T ou C que define o nível de superstição, ou então é algo ensinado, daquelas coisas que aprendemos com os amigos, é, com toda a certeza, para mim um mistério da natureza humana inexplicável.

Sofro dos dois sintomas que acabei de referir, sou vitima de um sem número de infelizes coincidências e a minha superstição junta tudo num grande bolo de onde no fim, posso chegar a nenhuma conclusão.

Ando com muitas dores, muitas dores e muitos dilemas! Bem, estou a exagerar, é só um dilema!  Com tantas dores ontem fiquei a pensar se deveria ou não tomar o Humira mais cedo, e confesso que a tentação era mesmo muita, havia cá em casa quem fosse a favor e quem fosse contra. A ideia de que uma pica nos pode tirar todas as dores de uma só vez é demasiado tentador, acreditem. Podem-se imaginar com muita cede e uma garrafa de água ao lado, deram-vos a garrafa e disseram que só podiam beber de quinze em quinze dias, e que não cumprir esse prazo vos pode matar! Mas a cede é TANTA... Podemos ser as pessoas mais racionais do mundo, como sou, mas não queiram ter dores horriveis e a cura a 5 metros de distância, é um pouco como nos filmes, os dias vão passando e o ladrão olha para o ouro tão fácil de roubar, a tentação é tanta!

Então ontem cheguei ao meu ponto de ebulição, já não aguentava mais e a ideia que ia ter de esperar até quarta feira para tomar o Humira estava a dar comigo em doido! E decidi tomar, tirei a seringa pus à minha frente e fiquei a olhar para ela, dizem que se deve esperar uns 10min quando se tirar do frigorífico para aquecer um pouco que dói menos. E esses 10min transformaram-se em 20min, 30min, 1h... Falei com a minha namorada que me disse para não tomar. Fiquei mais meia hora a olhar para a seringa e decidi não tomar.

Num acto de desespero decidi fazer (o que chamo de) dieta liquida! Esta dieta consiste basicamente em praticamente não ingerir nada que seja mastigável, sobra pouco mais que sumos e sopas. Dito e feito, e hoje refeito. Fui também à praia ontem, e apanhei uns bons banhos de sol. Por fim, condenei-me aos não nervos e às não obrigações. Consiste numa auto-mentalização que não existem problemas ou obrigações, esqueço tudo o que tenho para fazer, finjo que a faculdade não existe, e que no curto prazo (1 a 2 semanas) não há nada com prazos a cumprir, e tento não estar a pensar em nada, o que é um pouco difícil (mas não impossível).

Resultados:

Dormi a noite que passou quase como um bébé, e NÃO, NÃO PASSEI A NOITE TODA A CHORAR! , pronto, para as mentes mais conservadoras, dormi que nem um anjo, dizem que as nuvens são mais confortáveis que os colchões picolin (lol), ou não...

Continuando... quase não tenho dores, não me estou a sentir com aquele cansaço horrível de quem não dormiu, e aquela apatia de quem está cheio de dores. Sinto-me até bastante bem, mas nem vou arriscar mudar de alimentação, sopinhas sejam bem vindas.

E finda toda esta explicação, fica-me apenas uma pergunta na cabeça, e se... e se eu tivesse tomado o Humira? Estava a dizer que estes efeitos eram da medicação! E convencido da vida que o Humira era um espectáculo, e que era o fim dos meus problemas! Dêem-e um placebo, digam-me que é a cura para a morte, garanto-vos com toda a certeza, eu não morrerei...........