Já cheguei à 8ª! Esta, como todas, custou um pouco. E não é que a seringa demorou mais de 10segundos a injectar??? Eu não queria acreditar, cheguei ao numero 10 e ainda falta imenso para acabar a injecção. Dói, como sempre doeu, mas sinceramente depois de todas as picas que levei, furaram-me tudo, esta foi só mais uma! E como já estou mentalizado que dói para burros consigo atenuar quase totalmente a dor. Esta injecção dei no hospital visto não saber se ia lá ficar ou não, e já que estava com a mão na massa, dei a injecção. Era suposto mostrar ao meu colega de quarto (tiago) porque ele provavelmente vai fazer este tratamento mas ele tinha saído. O estúpido é que eu já tinha aberto a embalagem quando me apercebi da futilidade de me injectar lá, como já não havia nada a fazer... Quanto ao sitio onde dei, foi o mesmo da ultima vez, mas tenho desculpa, passaram 3 semanas desde a ultima vez e não quero dar perto da zona onde tive o abcesso. Vamos ver como correm os próximos dois dias :), se for como no início, MARAVILHA! Dá para ir aos santos populares hehe.
E o peso depois de estar 12 dias no hospital, dos quais 4 não comi absolutamente nada e mais dois dias a dieta liquida e os restantes com dieta mole, só comida passadinha. Não vejo aqui nenhuma surpresa, perdi gordura, a barriga está lisa, miúdas, querem fazer dieta??? O serviço gastro mantém-se de olho em vós e podereis perder peso como nunca antes!
Saí do hospital mas nem todos os meus problemas estão resolvidos, o único que ficou para trás foi o das dores e nauseas horriveis com que eu estava. A nível de crohn ainda tenho algumas cólicas, o que é até natural visto não ter tomado nenhum medicamento para isso. A comida tem de ser toda passadinha, nada de verduras muito agrestes ou frutas como maçã.
Situação médica: Tenho consulta no dia 16 de Junho 2009 para saber melhor o que se passou comigo, ter uma conversa calma e esclarecedora com o meu médico. Para dia 23 Junho 2009 tenho marcado um TAC pélvico para ver a evolução da situação. E tenho uma carta de recomendação para marcar uma consulta com um cirurgião do hospital. Confirma-se, como o meu médico já tinha dito, que a hipotese de ir à faca não está fora de questão. Podia ter já hoje marcado a consulta mas vou esperar para falar primeiro com o médico para estar a par de tudo. Uma operação não é coisa fácil e vou ser prudente ao máximo, já chega de coboiadas, vou atinar!
Parecia que nunca mais acontecia, mas aconteceu! Saí do hospital, pelo meu proprio pé, tomei banho, fiz a barba, vesti uma roupa decente, pus a mala às costas, um saco na mão e o saco do Humira ao tira colo. Saí um homem livre, quase como se estivesse a sair de uma prisão. Senti o ar da rua pela primeira vez em 12 dias, apanhei sol e estiquei as pernas. Com o saco às costas senti-me uma personagem de um filme, depois de desembarcar de uma longa viagem ou epopeia sai a pé para o infinito. A liberdade é algo a que não tinha dado o devido valor, só o andar na rua foi saboroso e estranhamente gratificante.
Mas voltando do início, hoje acordei mal disposto, já ontem estava com um mau humor que não se podia aguentar. Não tirava a ideia da cabeça de que a médica que tinha dito que eu ia hoje para casa estava enganada, por uma ou outra razão. Não parei de tomar o antibiótico Sábado como me tinham "prometido". A paranóia tomou conta de mim, empolada pela situação prisional em que vivia. Uma ligeira depressão tomou conta de mim, os pensamentos de tudo o que passei e estava a passar naquele pequeno inferno começaram a tomar conta de mim, quantos mais dias ia eu passar ali? Não ia suportar a desilusão de afinal ter de ficar mais dias. Juntamente com todos estes sentimentos soma-se o facto de não ter dormido nada! Um pouco por culpa da euforia de querer sair, de não saber se ia sair, tudo junto com o Sr. Ernesto (da cama ao lado) que tem evidentes problemas de saúde e que durante toda a noite esteve a gemer e a esmoer. Podiam ser ressonos, a pessoa habitua-se, mas não eram. Estamos a falar de um barulho do género de catarro, mas com uma amplificação substancial, a alternância de decibéis que o sr produz também não ajuda, o som nunca é igual e das vezes que fica em silêncio ficamos a pensar que se calhar está a ter um ataque (mortal), fica-se na ansea até se sentir o barulho que nos conforta com o facto de o senhor não estar a morrer e por isso não ser preciso chamar as enfermeiras.
O que aconteceu foi que esta noite os barulhos do senhor foram especialmente requintados na malvadez aplicada aos outros 5 ocupantes do quarto (eu incluído). Ninguém dormiu a não ser o Sr. Ernesto, pela manhã era a revolta geral no quarto, uns a dizer asneiras (mais uma vez eu incluído), foi de perder as estribeiras, não desejo a morte a ninguém, mas esta noite o conflito entre a vontade e a moral que de mim fazem parte foi grande. Quis mesmo estrangular o senhor que de nós é certamente o que sofre mais, e com tanto sofrimento, sofremos nós também.
Como sempre, às 6h30 acorda-se toda a gente, está na hora da temperatura, de saber se fizemos cócó, se tinha bom aspecto, de tomar os antibióticos intravenosos... Não custou muito a acordar, afinal de contas eu não estava a dormir! Segunda feira de manhã é um dia ocupado no Hospital. Muita gente, muita confusão, não deu para dormir mais nada. As horas foram passando, estava mal disposto e enjoado de não ter conseguido dormir, pedi para não me trazerem pequeno almoço, amarguei esta decisão.
As horas foram passando e vinham os médicos ver os meus colegas de quarto, para mim nada. Eu cada vez mais nervoso e irritado com toda aquela situação, veio também um médico ver-me que me apalpou a barriga e disse que estava muito melhor, entre sorrisos e palavras de reconforto saiu sem me dizer se eu tinha alta ou não, o burro do Zé mais uma vez não perguntou. E os nervos estavam a ficar ao rubro!
Finalmente veio a médica que me tinha dito na sexta feira que eu ia ter alta na segunda feira e confirmou esse diagnóstico. Parecia um puto de 5 anos com um chupa chupa na mão, já não me viam tão contente há muito tempo! Entrei quase em esteria, não sei explicar, terei de ler mais uns livros para apurar o meu vocabulário e conseguir exlicar por palavras. Ainda tive de esperar umas boas 3 ou 4h até virem os papeis que me deram liberdade.
Na despedida fiquei com pena dos que lá ficaram, já se tinha criado alguma camaradagem entre alguns de nós, companheiros de cela, companheiros de almoço e jantar. Espero as suas melhoras, o mais depressa possível. Os dois com que me dava melhor vão ambos ser operados, não vou entrar em detalhes sobre os problemas deles. Fiz amigos naquele sitio e revelei-me estranhamente mais social do que aquilo que sou, conversei com toda a gente que por lá passava, enfermeiras, auxiliares etc. A maior parte das pessoas foram espectaculares, não perderei tempo a falar das ovelhas ranhosas.