Então este fim de semana estava na fila para o multibanco. À minha frente dois rapazes e uma rapariga que não eram muito novos mas certamente mais novos que eu. O rapaz nunca mais se despachava porque não sabia o código e estava a tentar adivinhar, o outro rapaz a falar com ele:
Muito trabalho, poucos nervos, alimentação correcta, 4 anos de blog e novo Papa. Parece que atingi um novo máximo (peso) para o ano corrente, certamente que esta situação não se vai "arrastar" por muito tempo, vêm ai testes, muuuuitos testes mas estou bem disposto e confiante para o futuro.
E as vossas vidas? Tudo bem? Ando com uma grave crise de falta de tempo.
O Post que se segue é nada mais nada menos que uma parvoíce pegada, todos os leitores em busca de algo sério podem passar à frente .
Como já se viu num post anterior já passaram 4 anos que comecei o blog e que comecei também a registar a minha vida Crohniana. Muita coisa mudou desde essa altura na minha vida. Tenho outro carro, vivo numa vivenda em vez de um apartamento, já estive sem e com computador, tenho um telemóvel com internet, acho que estão a perceber o quero dizer.
Então e o corpo mudou? Comecei o blog com 47Kg, desci e subi muitas vezes, abcesso no intestino, internamento, operação, recuperação, e actualmente tenho mais 14Kg em cima do que o que tinha na altura. Passei de doença descontrolada para doença em estado remissivo. Tenho o mesmo numero de dentes, unhas e centímetros de altura. Menos uns milhares de cabelos e mais uns MILHÕES de pelos!
Parece que consegui escrever três parágrafos antes de chegar ao cerne da questão, ao centro do assunto, ao ponto central, baaaaaah, vamos lá então!
Os leitores do sexo feminino deverão estar mais familiarizados com o gravíssimo assunto que são os pelos corporais mas vamos analisar a situação em pormenor antes de passarmos aos fluxos migratórios ocorridos no meu corpo.
O corpo humano está coberto de pelos da cabeça aos pés no entanto nós não os percepcionamos todos da mesma forma. Tudo o que tem um folicolo na base e um polimetro a nascer continuamente ou intermitentemente é um pelo, então porque lhes damos nomes diferentes?
Comecemos então pela cabeça. Os cabelos serão os mais beneficiados de todas as pilosidades humanas, pertencem às forças do bem, e são tão importantes que temos nome para quem não os tem (os carecas) mas não temos para quem os tem! E antes que se armem em espertos... cabeludos não conta! É um dado adquirido e em grande parte um cartão de visita. Não há muita gente que queira tirar os cabelos, são um bem apreciado pela maioria de nós tirando os skinheads. Na mesma cara que tem os cabelos podemos ter sobrancelhas e pestanas que está tudo bem. As pestanas ascendem a um pódio onde andam sozinhas, são os únicos pelos que as mulheres gostam que sejam grossos, compridos e ligeiramente encaracolados, veja-se que até há produtos e aparelhos para os aumentar! Já se um homem fizer isso não é muito bom sinal, ou melhor, muito bem aceite pela generalidade de nós (não quero aqui fazer juízos de valor ). Descendo um pouco mais temos o bigode, barba e pelos dos ouvidos. A barba é um exclusivo masculino e tem um nível de aceitação mais ou menos decente dependendo da pessoa e como é usada. É certamente o conjunto de pelos onde há mais criatividade, os cabelos também podem ter muitas variações mas são mais sujeitos a standart’s, a barba é como um homem quiser e pode e muitos casos tomar formas atrozes. Penteados malucos não se vêm tantos. Portanto neste momento sobra o bigode e os dos ouvidos. O bigode é interessante porque é mau para todas as mulheres mas por outro lado há até países em que é um must have para os homens! E embora todas as mulheres não queiram um bigode na sua cara quando se fala da cara dos seus namorados/maridos/actores preferidos/e sei lá o que mais :lol: as coisas dividem-se, não me perguntem dados estatísticos que não os tenho! Quanto aos pelos dos ouvidos são maus em qualquer situação, a não ser que vivam no deserto, nesse caso pouparão muito dinheiro em cotonetes, muito chato ter areia nos ouvidos...!!!!
Mas vamos então reflectir um pouco melhor sobre o assunto, repararam no que aconteceu na cabeça? Não? Acabam aqui os pelos com nomes especiais (tirando aqueles lá de baixo, mas esse nome é calão!). Os pelos bons têm nome normal e bom, os pelos maus não! (Vamos deixar aqui uma excepção para o buço). Os pelos começam a ser maus nos ouvidos e seguem por aí a baixo a ser maus até aos pés e não é estranho que alguém só os tenha na cabeça, coisa que não se pode dizer da situação contrária!!!
Agora que já ficaram para trás os mais importantes vamos despachar o resto do corpo depressa:
Pelos do peito
Pelos das costas
Pelos dos sovacos
Pelos dos braços
Pelos das pernas
Pelos dos pés
Pelos do rabo
Pelos que não são nenhuns dos anteriores e que têm nome próprio!
Não me vou alongar muito mais sobre a matéria porque acho que o post já vai longo mas não queria deixar de dizer duas coisas.
A primeira é perceber porque é que há pelos de tamanhos diferentes, alguém me explica como é que os pelos sabem que já têm tamanho suficiente e não crescem mais? Porque é que as nossas sobrancelhas e pestanas não ficam longas como cabelos?
A segunda é que desde que fui operado estou cada vez com menos cabelos na cabeça e mais cabelos em todo o corpo com especial incidência no peito e costas...
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ps: Eu sei que faltou falar dos do nariz...
ps2: Não tenho tempo para fazer revisão do texto agora, se virem algum erro avisem sff.
Ontem ouvia um programa de rádio em que se falava da esperança média de vida. A conversa ia para os lados de como a nossa economia (Europeia) se tinha que adaptar à nova realidade de que a população está a envelhecer. A entrevistada dava-se a si mesma como exemplo, no sentido em que quando era pequena disseram-lhe que ia viver até aos 66 e agora que tem 50 lhe dizem que viverá aos 81 e que portanto lhe dobraram o tempo (médio) que resta de vida!
A conversa continuou mas confesso que me comecei a distanciar do som enquanto me perdia nos meus pensamentos, coisa que, diga-se, é comum acontecer. Lembro-me de em criança pensar na morte e ter imenso medo, era bastante hipocondríaco mas nunca pensava até que idade ia viver, realidade que mudou com o aparecimento da doença. A verdade é que o facto de vivermos uma grande parte da nossa vida enfrascados em remédios tem impacto directo sobre o nosso prazo de validade. Portanto até que idade é que vou viver? Nunca vos passou isso pela cabeça?
O mais interessante no meio de isto tudo é pensar com que idade é que eu já teria morrido se não vivesse neste tempo/era. Já por duas vezes estive lá perto sendo que antes da operação a situação foi mesmo grave...
Enquanto pessoa jovem vivo com aquela sensação de imortalidade, para nós (jovens) o fim aparenta estar longe. Mas paremos esse raciocínio! A verdade é que a minha existência actual é um produto da Ciência, estou vivo apenas devido aos avanços da medicina e embora pareça um assunto trivial não é fácil de assimilar. Muito menos de explicar (tou há 15min a tentar escrever esta frase). É estranho pensar que em condições "normais", ou talvez seja melhor dizer "naturais", eu não estaria vivo! Provavelmente é isto que me faz não ser grande estudante e quem diz estudante diz tudo o resto na minha vida. Não sou uma pessoa com grandes ambições nem sou difícil de agradar. Gosto das pequenas coisas da vida ao mesmo tempo que deixo as grandes passar ao lado.
Ainda estou à procura do sentido da vida, um sentido que não seja a procura de fazer tudo o que puder antes que a morte venha, que não seja a entrega de um trabalho feito à pressa na véspera do prazo! E quando reflicto em como pensava no futuro quando não tinha a doença percebo que isto é algo que a doença de Crohn me roubou e que não sei se ela alguma vez me vai devolver! A busca essa, ..., continua...!
Hoje navegava pela internet e deparei-me com esta imagem:
É engraçado como as coisas ficam gravadas na nossa memória não tanto pelo seu conteúdo mas mais pelo o seu contexto. E passo a explicar, o programa, que podem ver um excerto aqui, consistia em simplesmente fazer figura de parvo e tentar não acabar dentro de água empurrado pela parede. Já nem me recordo se e quais eram os prémios!
O programa era engraçado e foi mais ou menos um sucesso naquele verão, quem nunca o viu? Mas para mim este será sempre o programa que dava à noite no quarto do Hospital e que vi todos os 12 dias que estive internado. Depois disso nunca mais o consegui ver...
Continuamos na montanha russa , vamos lá ver se isto estabiliza, a vida está a correr bem em todos os aspectos. E mais uma vez não tenho nada para comentar.