Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blog Vencer a Doença de Crohn

Blog que acompanha a evolução da (minha) doença de Crohn, e que aborda temas/assuntos relativos à doença.

Blog Vencer a Doença de Crohn

Blog que acompanha a evolução da (minha) doença de Crohn, e que aborda temas/assuntos relativos à doença.

01
Abr19

8,6 km, 13.129 passos, 13 andares subidos e 3 casas de banho.

Vespa no Porto.jpg

 

Queria ter escrito isto mais cedo mas fui procrastinando e aqui estamos. Mas acho que é uma aventura tão interessante que tem de ser contada, passados 20 anos ainda estou a aprender coisas com esta doença, e quando digo “coisas” nesta frase, estou mesmo a falar de lições de vida.

 

 

Comecemos pelo início (por onde haveria de começar?). Fui com uns amigos visitar outros amigos ao Porto. Uma semana antes desta viagem tinha tido uma diarreia de caixão para a cova, daquelas em que só sai água, li-te-ral-men-te água! A tripa fez greve sem pré-aviso ou motivo para que tal acontecesse, portanto foi algo que aconteceu de uma maneira um pouco inesperada, mas felizmente aconteceu no fim de semana. Entretanto melhorei e pensei que tudo estivesse ficado resolvido… Obviamente que para eu estar a contar isto é porque não ficou resolvido! Oh como eu estava enganado… Enganadíssimo!!!

 

No dia da viagem (uma sexta-feira) a barriga estava meio esquisita. Durante a viagem tive sempre um desconforto na barriga, estava inchada e com umas cólicas ligeiras, desconfortável mas não o suficiente para ficar preocupado com isso.

 

No dia seguinte acordei bem disposto, um pouco cansado mas de resto nada a reportar. Fui à casa de banho e tive alguma dificuldade em fazer o número 2, fiz alguma coisa mas nada de especial. Tomei o pequeno almoço, tinha apetite e nada de dores, afinal este fim de semana vai correr bem pensei eu.

 

Primeira paragem do dia: visita às caves Graham’s. Primeira paragem da primeira paragem: estacionar em baixo ao pé do rio. Segunda paragem da primeira paragem: fazer o caminho pelo zona ribeirinha e subir uma rua relativamente íngreme até às caves.

E foi aqui que tudo começou a correr mal, caminhar estimula a motilidade intestinal, e subir ruas ainda mais. A situação foi-se complicando, quando mais subia, mais vontade parecia ter, e tive de parar algumas vezes pelo caminho para conter a vontade de ir à casa de banho. Parecia que estava tudo a correr bem até que entrei no edifício e enquanto estávamos a comprar os bilhetes deu-me um daqueles ataques de a pessoa até ficar a suar! Felizmente a visita começa com um pequeno vídeo, e não tendo alternativa aproveitei para ir à casa de banho. Um dos nossos maiores terrores é termos de ir à casa de banho e apanhar com uma daquelas sanitas do inferno que mais parece que fomos tele-portados para a idade média ou para o filme “O senhor dos anéis”, ou algo do género… Felizmente foi uma das casas de banho mais limpas que já tive o prazer de frequentar, infelizmente havia lá alguém a fazer o mesmo que eu e além de ser uma casa de banho muito limpa, também era uma casa de banho muito silenciosa, tipo uma biblioteca mas com sanitas e sem livros 😅.

 

Constrangedor 😵!!!

 

Para dificultar mais as coisas o estado em que estava a minha barriga e o que eu tinha para fazer resultavam numa atividade ruidosa cheia de pequenos nuances. Parecia um concerto clássico com os diversos instrumentos, uns a fazer barulhos mais graves, outros mais sofisticados e finos tipo os de um violino. Dentro da minha cabeça? Tocava uma ópera daquelas bem trágicas, pam pam pam pam paaaaaam!…. Fui o mais silencioso possível enquanto a outra pessoa lá estava, o que felizmente não durou muito tempo. De salientar também que tive de despir a camisa enquanto lá estive de tão suado que estava. Acabando a visita à segunda casa de banho, saí e estava toda a gente à minha espera para começar a visita às caves 🙄😲. Fiquei mais descansado quando me disseram que não tinham ficado quase tempo nenhum à minha espera.

A visita correu bem, sem mais nenhum sintoma intestinal. No final fizemos uma prova de vinhos, não bebi muito, não estava com grande vontade de beber vinho e tinha algum receio que isso me fizesse mal à barriga.

 

A visita já acabou um pouco tarde e seguimos para a Cervejaria Gazela. Chegámos lá pelas 17h. Já conhecíamos os famosos cachorros e não podíamos ir ao Porto sem passar por lá outra vez. Comi 3 cachorros (sem picante) e bebi 3 finos. Tudo a correr bem, barriga em perfeito funcionamento. Saímos de lá pelas 18h20 e fomos passear um pouco pelo Porto, o plano era visitar a Livraria Lello e a Torre dos Clérigos. Estávamos em meados de Fevereiro, já era noite e o caminho até onde queríamos ir era sempre a subir.

 

Alguém está a ter um pressentimento ou um Déjà vu?

 

Subidas e intestinos…. duas coisas que não se dão bem juntas!

 

Já não me recordo que rua estava a subir mas deu-me outra travadinha como tinha acontecido de manhã. Tive mesmo de parar a meio da subida e ficar ali uns bons 2 minutos sem me mexer para ver se não acontecia algo muito grave! Comecei a fazer uma prospeção das redondezas à procura de um para-quedas uma casa de banho para me salvar desta situação. Do outro lado da rua havia dois cafés. Escolhi um deles e fui, confesso que um pouco a medo, direto para a casa de banho. Mais uma vez (e a última neste dia) tive a felicidade de ser uma casa de banho bastante asseada, foi uma diarreia de meia noite, só saía água! O alívio que senti é indescritível.

Tanto a livraria como a torre estavam fechadas portanto não perdi nada (já conhecia a livraria de outra viagem ao Porto) e passado pouco tempo o grupo já estava de novo junto. Tive alguma vergonha em dizer que estava com uma diarreia tremenda, acho que desconversei quando me perguntaram o que se tinha passado. Passamos o resto da tarde a entrar e a sair de cafés que iam fechando um a um passado pouco tempo de entrarmos 😅.

 

Acabámos o dia a jantar na cervejaria Brasão Coliseu. Toda a gente comeu francesinha menos eu, penso não ser necessário explicar porquê… No dia seguinte a barriga já estava melhor e não voltei a ter nenhuma situação de aflição. Que me lembre esta é a segunda vez que me acontece algo do género, e quando a vontade vem perde-se completamente qualquer nojo de ir a uma casa de banho pública! O que tem que ser tem muita força, não é? 😜 Só somos esquisitos quando o podemos ser, e no final até acabou por ser um fim de semana bastante divertido. 🙂